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Nos meados do século XV, a Itália vivia um período de intensas transformações culturais, políticas e econômicas conhecido como Renascimento. Nesse contexto, a família Bórgia se destacou como uma das figuras mais poderosas e controversas da época, com membros que exerceram grandes influências nos mais altos cargos religiosos e políticos. E um dos protagonistas mais notórios dessa saga foi Rodrigo Bórgia, conhecido também como Alexandre VI, o Papa mais famoso e infame da história.

Rodrigo nasceu em Valência, na Espanha, em 1431, filho de Jofré Borgia, nobre da região da Catalunha, e de Isabella Borja, parente distante do Papa Calisto III. Desde jovem, ele mostrou grande habilidade para os estudos religiosos e políticos, e logo se destacou como um dos membros mais promissores da família. Em 1456, ele foi nomeado cardeal pelo Papa Calisto III, que o enviou para diversas missões diplomáticas na Itália.

Foi lá que Rodrigo começou a construir sua rede de contatos e alianças, que mais tarde seria fundamental para sua ascensão ao pontificado. Em 1492, após a morte do Papa Inocêncio VIII, o conclave reuniu-se em Roma para eleger seu sucessor. A disputa foi acirrada, mas Rodrigo acabou sendo eleito após uma complexa negociação de votos e acordos.

Com a ajuda de seu filho César, um militar astuto e implacável, Rodrigo iniciou uma série de reformas e projetos que transformariam a Igreja Católica e a política italiana. Entre suas principais iniciativas, destacam-se a criação da Inquisição, que perseguia hereges e dissidentes, e o patrocínio de artistas como Leonardo da Vinci e Michelangelo, que embelezaram a cidade de Roma com suas obras-primas.

No entanto, a trajetória de Rodrigo também foi marcada por intrigas, traições e escândalos. Ele teve numerosos casos extraconjugais e filhos ilegítimos, alguns dos quais foram usados como moeda de troca para negociações políticas. Além disso, a suspeita de corrupção e nepotismo pairava sobre sua gestão, já que ele favorecia seus parentes e aliados em detrimento de outros clérigos e governantes.

A queda de Rodrigo Bórgia ocorreu em 1503, quando ele morreu em circunstâncias misteriosas após uma noite de excessos alimentares. Sua morte abriu caminho para um novo pontificado, liderado pelo cardeal Giuliano della Rovere, que se tornaria o Papa Júlio II. Mas a história de Rodrigo e sua família continuaria a fascinar gerações posteriores, inspirando obras de arte, romances, filmes e séries de TV.

Em resumo, a vida e a carreira de Rodrigo Bórgia, o Papa Alexandre VI, são um exemplo da complexidade e dos desafios da política na Itália renascentista. Ele usou todas as armas disponíveis para conquistar e manter seu poder, mas deixou um legado ambíguo e controverso. Seu reinado foi marcado pela construção de grandes obras e reformas, mas também pela corrupção, nepotismo e perseguição. A figura de Rodrigo Bórgia pode causar repulsa ou admiração, mas certamente não deixa ninguém indiferente.